Neto de quem? A típica pergunta que se ouve quando se chama neto.

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segunda-feira, 29 de março de 2010

Neto em: mexendo nos guardados

Não eram comuns, e nem queriam ser.
Eram dois tipos de coisas
coisas estranhas, nulas e hipotéticas
falando de velório pra rir da vida
e no fim era a vida que lhes ria.
Contando lorotas entre anedotas
sendo gente pra parecer comum
sendo bicho pra parecerem vivos
sendo mentira pra contar verdades.

Todo esse tipo que lhe olha nem vê
no fim nem todas as bonecas são de porcelana
e nem todas porcelanas tem manuais
Já os boatos que lhe dizem esteja atento
em demasia bonequices hão de ser.

Cada qual verdade é para cada um,
como um velório de muitas histórias
onde bocas cheias de verdade não sabem nem olhar pra si.
Quantos caminhos hão de haver, e os que se calarem hão de ver
que entre tantas possibilidades ser é mais interessante que não ser.

sábado, 20 de março de 2010

Neto comemora aniversário com o circo

27 de março também é dia do circo, tão logo:


Havia um circo dentre em mim

malabares no meu baço
risadas de palhaço
e magia no meu rim

Havia um trapezista
e essa é a minha pista
que gritou do alto, é de vista
o meu mal de usar brim

E isso não é mentira,
(e se for talvez prefira)
só porque do meu sangue roubavam a lira
pra escrever na minha pele assim:

Quem me tocar há de notal um estrabismo pueril,
mas se preferir ficar há de tomar um ouvido bem gentil

Mas como se de minha garganta
evoquei por vezes uma santa
que roubou um coração de mim

Ficando calado tal como as plantas
desconfiados disseram: conta !
esperando algo de mim

E um ventrículo na minha perna
me aplaudia com desordem
indo de derme em derme
me tatuou só pra mim

E eu me chamei linfático
meio por acaso, quando descobri com um médico
que miopia não é mal
e se for não é ruim

Aí me calaram a boca caipira
que o que eu falava era heresia
E naquele picadeiro não existiria
tal romance assim

E houve um elefante,
que se propôs a ser amante
não agora, desde antes
me chamando de arlequim

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Neto na madrugada

Às vezes me passa, como se nunca tivesse passado
como se nunca estivesse estado
e se fosse isso, talvez a razão.
Às vezes me toma, como quem nunca tivesse tomado
em goles tão cheios, de tão puro pecado
na boca virgem, dos lábios em questão.
Às vezes me chupa, como quem tem costume e hábito
tem-me tão facilmente ao seu lado, porque o sermão?
Às vezes se deita, como puta faceira
olhando pro nada, gozando por dentro
falando tão alto de um jeito brejeira...
Às vezes me deixa, como deixam as mesmas
promete que volta, como voltam os maridos
dizendo novidades, como prometido.
Às vezes me mente, como mentem meus olhos
são três horas de lágrimas, de noite sono perdido,
de amor bandido, de desilusão.
Às vezes vem solta, correndo pros meus braços
tocando meus lábios, vazando do meu peito,
escorregando pro colchão.
Às vezes não vem, e eu espero
trazendo respostas, trazendo mistério,
e por fim algo sincero: poesia de quase-inverno
em um novo coração.

domingo, 11 de outubro de 2009

Neto poemou

Da mesma porta, toda torta
que me partes, do parto a fora
todo fogo, com que me afogas
toda selva que me cega
toda alma que me rega.

Todo peito já tão perto
tão relapsa minha língua
toda baba que engole
do catarro que escorre.

Todo medo, passado
todo ato insensato,
todo gozo tão depressa,
toda raspa que te resta.

Todas aspas, alegorias
todas gurias, fantasias
nas vaginas, fugídias
toda mancha esconderia

Todo vermelho, todo sangue
todas pernas, todas sujas
todas mães, todas imundas
todas vulvas. Absurdas.